EUA se mostram temerosos com vazamento de suas táticas de ciberespionagem

Jairo Mejía.

Washington, 8 jun (EFE).- O constante vazamento sobre os extensos programas de ciberespionagem por telefone e internet dos Estados Unidos preocupou neste sábado o diretor nacional de Inteligência do país em relação ao possível prejuízo à capacidade dos Estados Unidos de investigarem esquemas terroristas.

Em entrevista hoje ao canal “MSNBC”, James Clapper, diretor nacional dos serviços de Inteligência e da Agência de Segurança Nacional (NSA), responsável pela ciberespionagem americana, foi muito crítico com os vazamentos dos jornais “The Washington Post” e “The Guardian”.

Clapper declarou que as revelações geram “um enorme e grave dano às capacidades da inteligência dos Estados Unidos” e põem em risco a luta antiterrorista que a NSA lidera no campo da ciberespionagem.

Nesta semana, o jornal britânico “The Guardian” e o “Washington Post” publicaram que a NSA e o FBI passaram a ter acesso a milhões de registros telefônicos da operadora de telefonia Verizon durante períodos de três meses, após a autorização de um pequeno grupo de juízes federais.

Em seguida, a imprensa revelou um programa secreto conhecido como PRISM, que permite à NSA entrar diretamente nos servidores de nove das maiores empresas de internet americanas (incluindo Google, Facebook, Microsoft e Apple) para espionar contatos com o exterior de suspeitos de terrorismo.

Hoje, o diário britânico continuou a divulgar dados da Casa Branca, ao revelar o programa de “datamining” (exploração de dados) que a NSA utiliza para processar dados e determinar a origem da informação que vigia.

O programa secreto chamado “Boundless Informant” classifica por características a informação que a NSA reúne, não o conteúdo, e mantém um registro de que países são o principal alvo da espionagem digital americana.

Os novos documentos secretos vazados indicam que a NSA reuniu cerca de 3 bilhões de dados de computadores americanos em março, apesar da área de atuação dessa agência ser voltada principalmente para a ciberespionagem no exterior.

De acordo com esse novo vazamento, o Irã foi o país do qual a NSA obteve o maior volume de informações de Inteligência, seguido por Paquistão, Jordânia, Egito e Índia, enquanto China, Arábia Saudita e o próprio território americano são outras “zonas quentes”.

Clapper disse na entrevista que essa “explosão midiática” tem “dois gumes” e, apesar de promover a transparência, permite aos “adversários” dos EUA saberem como evitar a até agora discreta espionagem digital americana.

O diretor nacional de Inteligência reiterou que as atividades de espionagem digital reveladas “são legais e feitas com autorizações bem conhecidas e debatidas pelo Congresso”.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a Patriot Act expandiu a capacidade do governo para controlar comunicações entre os EUA e o exterior, enquanto em 2008, novas emendas à lei de vigilância de comunicações estrangeiras (Fisa), estipuladas com o apoio de democratas e republicanos, eximiu a ciberespionagem da NSA de alguns controles judiciais.

Segundo Clapper, a NSA teria pedido ao Departamento de Justiça que inicie uma investigação para determinar quem são os responsáveis por um vazamento que acontece no pior momento possível para o presidente Barack Obama.

Ben Rhodes, o conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca, disse hoje que esses vazamentos são “muito preocupantes”, já que a confidencialidade é necessária para “realizar atividades de inteligência sem que os métodos sejam revelados ao mundo”.

O mandatário americano e sua equipe foram criticados pela espionagem que o governo dirigiu contra jornalistas (como nos casos da agência Associated Press e da “Fox News”) para determinar quais fontes os permitiram vazar determinadas informações.

Além disso, as revelações do extenso programa de ciberespionagem internacional dos Estados Unidos foram feitas justo quando Obama estava reunido (ontem e hoje) com o presidente da China, Xi Jinping, a quem transmitiu sua preocupação com os ciberataques chineses contra interesses americanos.

As revelações sobre o papel da NSA em ciberespionagem reforçou o argumento, que Xi transmitiu ontem a Obama em sua reunião de cúpula na Califórnia (EUA), de que a China também é vítima de táticas que parecem cada vez mais extensas, e não limitadas à luta contra o terrorismo. EFE

Fonte: Yahoo Notícias Brasil